
Portugal comemora os 500 anos da Primeira Circum-Navegação na Expo 2020 Dubai
O Pavilhão de Portugal comemorou este domingo, 24 de outubro, os 500 anos da primeira viagem de circum-navegação, na Expo 2020 Dubai, com a inauguração de uma peça de arte urbana do artista português Bordalo II.
A cerimónia oficial de inauguração, que decorreu na praça do Pavilhão de Portugal, contou com a presença do secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, do Comissário-Geral de Portugal para a Expo 2020 Dubai, Luís Castro Henriques, do Presidente da Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da primeira Circum-Navegação, José Marques, bem como do artista Bordalo II.
Inauguração da obra “Pinguins de Magalhães”
O Pavilhão de Portugal inaugurou na Expo uma peça de arte urbana, intitulada “Pinguins de Magalhães”, em homenagem ao navegador português Fernão de Magalhães, que liderou e planeou a expedição náutica que, concluída pelo espanhol Juan Sebastián Elcano, se tornaria a primeira viagem de circum-navegação do globo terrestre (1519-1522).
Assinada pelo artista português Bordalo II, a peça é feita à base de plásticos – recolhidos dos mares abrangidos pela circum-navegação – de modo a sensibilizar as pessoas para a poluição dos oceanos e a consequente ameaça à biodiversidade marinha. A obra é um apelo à ação, dirigido às novas gerações, para garantir a sustentabilidade dos oceanos e o equilíbrio dos seus ecossistemas.
“São tudo plásticos de alta densidade em final de vida, que podem eventualmente ser reciclados se forem para o sítio certo, coisa que muitas vezes não acontece”, referiu o artista, de 33 anos, em entrevista à Lusa.
E o que falta para combater as alterações climáticas, já que muito se fala disso? “Acho que falta falar menos e fazer mais”, respondeu de forma perentória. “Acho um grande erro as grandes corporações passarem um bocado essa ideia que depende apenas de nós, comum mortal, e não delas”, enquanto “elas podem continuar a fabricar carros desenfreadamente, a continuarem a embalar os produtos e a fazer a produção de ‘fast fashion’, por exemplo, como se fosse uma coisa perfeitamente normal, e incentivar ao consumo”, mas as pessoas é que têm de tomar “todas as decisões para mudar o mundo”, apontou Bordalo II.
O evento contou ainda com uma participação especial dos Pauliteiros de Miranda do Douro e um momento musical com Luísa Amaro e Gonçalo Lopes, na guitarra portuguesa.
Esta iniciativa resulta do protocolo celebrado em abril de 2020 entre a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a Estrutura de Missão para as Comemorações do V Centenário da Circum-Navegação (EMCFM), de forma a valorizar o legado cultural, científico e tecnológico associado à viagem de Circum-Navegação e a Fernão de Magalhães.
O secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias afirmou ser “um contributo que Portugal dá centrado nos oceanos, um tema que nos é muito caro”, depois, “é uma parte do nosso legado pós-Expo porque esta intervenção ficará aqui nos Emirados Árabes Unidos e é uma oferta que nós damos de Portugal” ao país, acrescentou.
O evento coincidiu com o Dia das Nações Unidas, tendo sido por isso uma oportunidade de mostrar na Expo 2020 Dubai o compromisso de Portugal com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, nomeadamente a preservação dos Oceanos.
Em declarações à Lusa, o presidente da Estrutura de Missão, José Marques, disse que “é isso precisamente com uma peça artística extraordinária de uma criatividade lusa do nosso artista Bordalo II que nós estamos precisamente a valorizar o oceano”, a partir do qual “se desenvolveram todas as correntes culturais, económicas […] Hoje é uma oportunidade com um simbolismo muito especial, estamos no Dubai, estamos no Pavilhão de Portugal e aqui estamos celebrar um feito, um feito que é um marco na história da Humanidade, a primeira visão global integral do mundo, um mundo maioritariamente oceano”, acrescentou José Marques.
A escultura, agora instalada na praça do Pavilhão, pretende ser um veículo da mensagem de sustentabilidade e um apelo para a alteração urgente de comportamentos em prol desta, e de todas as espécies animais do grande “Planeta Oceano” que a expedição liderada por Fernão de Magalhães nos deu a conhecer.